segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

David Hume




Distinção entre impressões e ideias


Hume introduz uma distinção entre impressões e ideias, considerando as primeiras evidências fortes e vivas que provêm do conhecimento de uma realidade exterior. Consequentemente as ideias são representações enfraquecidas e menos vivas das impressões do pensamento. Deste modo conclui que as ideias resultam do trabalho do espírito humano sobre as impressões.
Relações de ideias e questões de facto


Além da distinção entre impressões e ideias, Hume distingue o conhecimento em dois tipos: conhecimento de relações entre ideias e conhecimento de factos.
As relações de ideias são de carácter intuitivo e correspondem ao trabalho da mente humana sobre si mesma. De certo modo têm a ver com a experiência, no entanto as ideias que formulamos já não são fundamentadas na experiência.
Por via da indução, chega aos primeiros princípios empiristas:

à Nada existe no nosso próprio espírito humano que não provenha da experiência.

à A partir das experiências podemos formular relações de ideias, no entanto a mente não recorre a estas.


O ser humano tem a ideia de Deus pois tem a impressão dessa ideia, conseguida através duma relação de ideias.
Relativamente às questões de facto, estas dizem respeito às nossas impressões actuais e às nossas recordações actuais de ideias passadas. A título de exemplo, quando eu vejo o sol, não vejo nada que me indicie que este está a nascer, no entanto como tenho a impressão destes dois fenómenos (sol e nascer) separadamente posso afirmar que o sol nasce a uma determinada hora.
Portanto, define-se relações de facto como as relações que o ser humano estabelece entre fenómenos que conhece separadamente, sendo esta relação a posteriori, pois é resultante da experiência.
O princípio da causalidade passa a ser entendido como a relação que o ser humano faz entre factos semelhantes ou sucessivos.

Principais críticas do empirismo ao racionalismo


à Critica o cepticismo em geral uma vez que esta posição de negar qualquer tipo de existência de conhecimento, impossibilita as pessoas de emitir qualquer opinião ou impressão.

à Critica o facto da dúvida universal não ser possível, no entanto Descartes usa-a, partindo do pressuposto que com ela é possível atingir um conhecimento verdadeiro. Hume considera a dúvida o último caminho para atingir um conhecimento verdadeiro.

à Num dado momento inverte a crítica, afirmando que para os empiristas toda a racionalidade provém dos sentidos. Uma vez que os sentidos são enganadores, não se deve confiar nestes e ainda não se deve perceber das coisas nada que não seja as próprias coisas.


O problema que D. Hume levantou e permanece até à actualidade como um problema real, é o da indução.
Equaciona-se nos seguintes termos: ao afirmar-se que a expectativa de ocorrências futuras similares aos casos singulares observados anteriormente decorre simplesmente de um hábito, e de crenças suscitadas pelo hábito, sem qualquer garantia racional ou lógica, levantam-se três dificuldades à investigação científica futura.


  • Levantou, em primeiro lugar, o problema da (i)legitimidade lógica da indução, ou seja, o problema da justificação lógica da passagem de enunciados particulares para enunciados gerais, o mesmo é dizer, o problema da ilegitimidade das leis científicas.
  • Levantou ainda o problema da validade dos juízos acerca do futuro e de casos desconhecidos, o mesmo é dizer, o problema da legitimidade das previsões científicas. As previsões pertencem aquilo que ainda não foi observado e não podem ser inferidas logicamente daquilo que já foi observado, porque o que acontecei não impõe restrições lógicas aquilo que acontecerá.
  • Levantou em terceiro lugar o problema da causalidade, ou seja, o problema da legitimidade da conexão causal entre acontecimentos. A ilusão da causalidade provém, segundo Hume, da confusão entre conjunção ou sequência de acontecimentos com a sua conexão causal. Na verdade p e q não é o mesmo que “p implica q”.





NB. O princípio da indução não se pode justificar apelando simplesmente à lógica. Assim sendo poderíamos supor que o indutivista derivaria a indução directamente da experiência, mas uma tal justificação é inaceitável porquanto incorre num circulo vicioso, uma vez que emprega o mesmo tipo de argumentação indutiva, cuja validade se supõe que necessita de justificação. Exemplo:

O princípio da indução funcionou com êxito na ocasião X1

O princípio da indução funcionou com êxito na ocasião x2

Etc.


O princípio da indução funciona sempre




Infere-se desta forma uma conclusão universal que afirma a validade do princípio da indução a partir de uma certa quantidade de enunciados singulares que registam aplicações com êxito do princípio do passado. Portanto a argumentação é indutiva, e não se pode, pois, utilizar para justificar o princípio de indução. Não podemos utilizar a indução para justificar a indução. Esta dificuldade foi designada como “problema da indução”

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